Litíase urinária na infância (muito chamada de pedra nos rins popularmente)
A urina é composta de água e algumas substâncias dissolvidas nela. A litíase urinária se forma quando a quantidade dessas substâncias é excessiva para uma mesma quantidade de água. Essas substâncias se agregam, formando partículas sólidas (os cálculos urinários ou litíase urinária ou popularmente as pedras nos rins).
Para um melhor entendimento, o processo acima descrito se desenvolve da mesma forma que colocamos sal em um copo com água: à medida que aumentamos a quantidade de sal na mesma quantidade de água, começa a surgir um excesso de sal no fundo do copo, o que representa as pedras da urina.
Esses cálculos (pedras) podem ser ter muitas denominações, a depender da sua localização: litíase renal ou nefrolitíase (quando estão nos rins), litíase ureteral ou ureterolitíase (quando estão no ureter – canal que leva a urina do rim até a bexiga) e litíase vesical (neste caso, os cálculos estão no interior da bexiga). Eles podem apresentar diversas composições, como ácido úrico, cistina, estruvita, oxalato de cálcio (estes últimos os mais comuns).
A litíase urinária nas crianças é menos comum do que no adulto e, aparecendo já nessa fase precoce da vida, já sugere que existe uma predisposição própria da criança para uma maior tendência de formar cálculos, sinalizando que deve ter ainda mais cuidado no decorrer da vida para evitar o surgimento novos cálculos.
Os fatores que contribuem para a formação de cálculos urinários nas crianças são semelhantes aos adultos. Além da forte associação com um metabolismo próprio do organismo desse tipo de criança no sentido de ser maior formadora de cálculos, existem outros contribuintes:
– Pouca ingestão de água / desidratação: isso torna a urina mais concentrada e escura, favorecendo a agregação dos sais da urina e formando os cálculos.
– Alta ingestão de proteínas: a urina fica mais ácida, contribuindo para a agregação de cálculos.
– Excesso de sal (sódio): para que os rins eliminem na urina uma maior quantidade de sódio que veio por meio da alimentação, também ocorre uma maior eliminação de cálcio, assim causando mais litíase urinária.
– História familiar de cálculos urinários.
Os cálculos podem ser suspeitados quando ocorrem episódios de dor, febre, sangramento urinário (hematúria). A dor geralmente é repentina, de forte intensidade, localizada na região das costas do lado do rim acometido, irradiando para a região lateral do abdômen em direção ao escroto nos meninos e grandes lábios nas meninas (nem todos apresentarão esse trajeto de dor totalmente típico). Esse quadro é muitas vezes de forte intensidade, com vômitos associados, acarretando a necessidade de avaliação de urgência em um pronto-atendimento.
O diagnóstico é suspeitado com uma boa consulta médica, onde o urologista pode entender os sintomas com mais clareza e solicitar exames complementares. Os principais exames são os de imagem (ultrassonografia e tomografia computadorizada), além de exames laboratoriais.
Em caso de febre e ou sintomas de maior intensidade, comprometendo inclusive o bom estado geral da criança, deve-se agilizar ao máximo a sua avaliação, a fim de evitar complicações, internações mais prolongadas e eventuais situações de risco à vida.
O tratamento depende do tamanho, sintomas e localização dos cálculos. Podem ser desde um acompanhamento clínico, com orientações dietéticas, atividade física e uso de medicamentos, até o tratamento cirúrgico.
No tocante à cirurgias, aí vai uma boa notícia: os pacientes e familiares não devem se assustar, pois as modalidades de tratamento cirúrgico são pouco agressivas na maioria das vezes, por meio de técnica endoscópica (quando aparelhos dotados de câmeras e muito pouco calorosos são introduzidos nas vias urinárias, permitindo o acesso aos cálculos – o principal tipo aqui é a ureterorrenolitotripsia).
Existe, ainda, um aparelho que apenas toca a superfície da pele próxima ao rim e emite ondas de choque que quebram o cálculo (esse método inclusive é bastante eficaz em crianças), técnica chamada de litotripsia extracorpóreos por ondas de choque. A cirurgia convencional (com cortes tradicionais) é reservada para alguns casos mais difíceis.
Cada tipo de tratamento dependerá de como um caso específico se apresenta, devendo ser discutido individualmente com o urologista. Em caso de este ser o seu problema ou de alguém que você conhece, é necessário procurar um especialista para avaliação e decisão do melhor tratamento. Ficamos à disposição para eventuais dúvidas.