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Desfralde: quando tirar a fralda?

 

 

Um dos maiores desafios da paternidade é saber o momento ideal do desfralde, ou seja,  tirar as fraldas do bebê; E como cultivar paciência e dedicação durante esse período. Antes de aprender o caminho para o banheiro, o pequeno vai, sim, sujar a calça, a cama e até mesmo o tapete e o sofá.

Entendendo as excreções

A psicologia explica que, quando o bebê nasce, para ele, não há diferença entre ele e o peito da mãe. Na verdade, o bebê enxerga ambos como uma unidade. É só por volta dos 8 meses que ele, então, passa a entender que mãe e bebê têm identidades diferentes, passando por um processo de separação. É dessa forma também que ele se relaciona com seus dejetos. Seu filho sente que a urina e as fezes são parte dele e, por isso, em alguns casos, jogá-los em uma privada pode ser tão difícil.

Como as separações vão se sucedendo de forma progressiva durante o desenvolvimento infantil, é importante respeitar a maturidade da criança, estar presente e se manter atento aos sinais que ela dá de que está pronta para iniciar o desfralde. Fisiologicamente, a partir de 1 ano e meio ou 2 anos, a criança começa o processo de adquirir controle sobre os esfíncteres (estruturas responsáveis pela expulsão das fezes e da urina) e se torna capaz de liberar suas excreções no momento em que desejar.

Assim, os pediatras costumam recomendar que as famílias iniciem o processo de desfralde quando a criança tiver por volta de 2 a 3 anos, período em que a criança já é capaz de obedecer alguns comandos. No entanto, mais do que focar na idade, vale lembrar que o momento ideal é quando o bebê se mostrar preparado – e isso pode variar muito de criança para criança. Para saber se seu filho já está pronto repare no comportamento: se ele indicar que a fralda suja a incomoda, se transparecer nojo ou estranhamento por conta da fralda, se informar que está fazendo xixi ou cocô, ele pode estar começando a se desprender da excreção.

Desfralde para meninos e para meninas: tem diferença?

Ainda que não haja nenhuma explicação científica, o desfralde costuma ser mais rápido para as meninas. Isso porque elas costumam ter um amadurecimento psicológico mais precoce. Os meninos demoram um pouco mais para abandonar as fraldas e neles a incidência de enurese noturna, o famoso xixi na cama durante a noite, é também mais frequente.

Desfralde diurno x desfralde noturno

Deve-se reconhecer que o desfralde diurno e o noturno exigem diferentes disciplinas da criança. Como o diurno acontece no período em que o bebê está acordado e, portanto, consciente, costuma levar menos tempo. O noturno, por sua vez, tende a ser um pouco mais difícil porque ocorre no período em que o bebê está dormindo, condição que exige maior condicionamento e preparo neurológico.

Outro fator que facilita o desfralde diurno é a rotina de ir ao banheiro na escola. Como todas as crianças vão juntas, em um momento determinado do dia, isso colabora para o aprendizado. Além disso, estar cercado por outros colegas que já largaram a fralda influência, já que usá-la em um ambiente onde não há outras crianças que fazem o mesmo pode até criar um constrangimento.

Por essas razões, o desfralde diurno quando a criança já deu os sinais de que está preparada pode durar, em média, de um a dois meses na maioria das crianças, sendo completamente natural ter alguns escapes de vez em quando, mesmo depois desse período. O noturno, por sua vez, é mais demorado e exige mais paciência, perdurando, na maioria dos casos, de seis meses até um ano, contando a partir do momento em que a criança começa a acordar com a fralda seca. Em casos de crianças hiperativas, o desfralde pode levar ainda mais tempo.

A pediatria costuma sugerir aos pais que comecem pelo desfralde diurno para depois avançar para o noturno.

Apresentando o banheiro:

O diálogo é primordial nessa etapa. Ensinar para a criança que ela cresceu, que a fralda é um recurso para crianças pequeninas e que existe um lugar ao qual pessoas crescidas vão para deixar o xixi e o cocô pode ajudar. Esse tipo de discurso, com teor de que a criança amadureceu e cresceu, costuma colaborar para que ela entenda a importância do banheiro. Tente explicar que os amigos da escola, o irmão mais velho e o primo também estão usando a privada. O fundamental, no entanto, é evitar tecer qualquer comentário que possa humilhar o pequeno.

O discurso lúdico pode dar mais leveza a essa fase, por isso, se despedir dos dejetos ou comprar massinhas de modelar que simulem as fezes pode ajudar a criança no momento em que ela dá adeus ao cocô, quando ele vai privada abaixo. Também dá para levar o bichinho de pelúcia ou boneco favorito do pequeno para assisti-lo no banheiro, colar adesivos no assento sanitário, comprar calcinhas ou cuecas de algum personagem que seu filho goste, ler histórias para a criança ou colocar músicas para tocar. Outra forma de encorajar a criança é deixar que ela veja a mãe ou ao pai sentados no vaso enquanto ela se senta no penico, pois, assim, ela pode se sentir menos intimidada. É interessante transformar o momento em algo mais divertido.

A opção por um penico costuma ser mais confortável porque oferece melhor apoio aos pés do bebê. Mas o ideal é perceber qual a preferência da criança; se ela gostar mais do redutor, tudo bem. Nesse caso, só se certifique de conseguir um banquinho para que os pés dela não fiquem suspensos. Levar seu filho para escolher o acessório também pode estimular o uso e facilitar o desfralde.

Parabéns, você conseguiu!

Demonstrar com gestos e diálogo o quão feliz e orgulhoso você está com o pequeno é fundamental. Parabenize-o por todas as vezes que ele conseguir chegar a tempo no banheiro.

Xi… Escapou!

É imprescindível que os pais tenham sempre em mente que escapes acontecem e são comuns. Brigar, falar mal, reprimir ou manter uma postura negativa diante da criança nesses casos não são atitudes que vão fazer com que ela aprenda a fazer certo da próxima vez. Pelo contrário, isso acaba desestimulando. Mantenha-se positivo e incentive a criança. Diga que da próxima vez ela vai conseguir; Fale que aquele xixi ou cocô foi compreensível porque ela estava muito ocupada brincando. Seja amigável e paciente.

Em alguns casos, os escapes ocorrem porque o desfralde está acontecendo em um período no qual a criança está encarando alguma novidade, como, por exemplo, se ela tiver um irmãozinho pot chegar ou estiver começando na escolinha. É importante que o período escolhido seja mais calmo, para que o pequeno não fique ansioso e interrompa o progresso.

Na maior parte das vezes, o escape ocorre no período noturno. Algumas dicas dos pediatras e dos psicólogos infantis podem evitar os acidentes de noite, como diminuir a quantidade de líquidos após as 18 horas, levar a criança para fazer xixi antes de dormir, colocar um boneco ou ursinho de que a criança goste para dormir com ela na cama e dizer para ela tentar não molhar o brinquedo. Em outros casos, também é possível forrar a cama com um plástico e acordar o pequeno no meio da noite para levá-lo ao banheiro. E se ele acordar com a cama molhada? Respire fundo, coloque a roupa para lavar, limpe e troque a criança. Paciência. Uma hora ele consegue.

Precisa de ajuda?

Os escapes estão recorrentes e não há nenhum sinal de progresso? Procure um pediatra: a criança pode estar sofrendo de alguma disfunção de bexiga (incontinência urinária, por exemplo). Se a pressão psicológica no pequeno for muito grande, ele também pode desenvolver uma infecção urinária ou constipação intestinal por medo de fazer xixi ou cocô.

Recorra à ajuda médica também se o pequeno atingir os 6 anos e ainda não tiver largado das fraldas. É necessário investigar se ele não sofre de alguma causa orgânica patológica ou psicológica.

Acima de tudo, os pais devem sempre lembrar que o desfralde, assim como outra qualquer etapa do desenvolvimento infantil, é uma prova de maturidade e de amadurecimento. Por isso, é muito mais comum que crianças com mais liberdade, autonomia e mais atenção e dedicação dos pais passem por essa etapa em um período de tempo mais curto do que outras.

Por Vitória Batistoti | com Vanessa Lima – atualizada em 08/02/2017 10h43

Fontes: Ana Estela Fernandes Leite, médica no Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria; Silvia Maria Gonçalves, psicóloga do Hospital da Criança, da Rede D’Or São Luiz; Thiago Gara, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco

Fonte: https://revistacrescer.globo.com

 

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